Campo Harmônico Bom, devido ao grande numero de pessoas que acessam esse site em busca de conteúdo musical, gostaria de contribuir com todos falando-lhes de campo harmônico...
Para começarmos a entender sobre o assunto precisamos ter em mente a regra de tons e semitons. Assim, sendo gostaria de começar pela Escala maior Natural, para entendermos o Campo harmônico maior e em seguida a Escala menor natural.Recapitulando os tons e semitons na escala maior.
Gostaria de usar como exemplo a escala maior natural de C, porque além de ser perfeita por não possuir acidentes é a partir dela que podemos entender para construirmos as outras escalas. Sua formação:
Entre o C e o D: 1 tom
Entre o D e o E: 1 tom
Entre o E e o F: 1/2 tom
Entre o F e o G: 1 tom
Entre o G e o A: 1 tom
Entre o A e o B: 1 tom
Entre o B e o C: 1/2 tom
Representando a Escala de C na tablatura.
- Código:
-
E-------------------------3-5-7---
B-------------------3-5-6---------
G-------------2-4-5---------------
D-------2-3-5---------------------
A---3-5---------------------------
E---------------------------------
A partir daí observando a regra dos tons e semitons na escala maior podem começar a introduzir o campo harmônico.
Campo harmônico maior O campo harmônico maior é formado pela seguinte regra:
Primeiro grau será sempre maior, lembrando que o primeiro grau é a Tonica
Segundo grau será sempre menor, o segundo grau é a sobre tonica
Terceiro grau será sempre menor, o terceiro grau a mediante
Quarto grau será sempre maior, o quarto grau a subdominante
Quinto grau será sempre maior, o quinto grau a dominante
Sexto grau será sempre menor, o sexto grau a sobredominante
E o sétimo grau será sempre diminuto, e o sétimo a sensível.
A partir das informações cedidas até agora vamos montar o campo harmônico de C:
PRIMEIRO GRAU MAIOR CM
DO PRIMEIRO PARA O SEGUNDO GRAU 1 TON
SEGUNDO GRAU É MENOR: Dm
SEGUNDO PARA O TERCEIRO GRAU 1 TON
TERÇEIRO GRAU MENOR: Em
TERCEIRO PARA QUARTO GRAU ½ TON
QUARTO GRAU MAIOR: FM
QUARTO PARA QUINTO GRAU 1 TON
QUINTO GRAU MAIOR: GM
QUINTO PARA SEXTO GRAU 1 TON
SEXTO GRAU MENOR: Am
SEXTO PARA SETIMO GRAU 1 TON
SÉTIMO GRAU DIMINUTO ou m(b5): Bº ou Bm(b5), no caso voltaríamos de Bº ou Bm(b5) para C que é ½ ton.
Assim temos o campo começando em C e terminando em C:
C Dm Em F G Am Bº C
Exemplificando novamente vamos criar o campo harmônico de G:
PRIMEIRO GRAU MAIOR GM
DO PRIMEIRO PARA O SEGUNDO GRAU 1 TON
SEGUNDO GRAU É MENOR: Am
SEGUNDO PARA O TERCEIRO GRAU 1 TON
TERÇEIRO GRAU MENOR: Bm
TERCEIRO PARA QUARTO GRAU ½ TON
QUARTO GRAU MAIOR: CM
QUARTO PARA QUINTO GRAU 1 TON
QUINTO GRAU MAIOR: DM
QUINTO PARA SEXTO GRAU 1 TON
SEXTO GRAU MENOR: Em
SEXTO PARA SETIMO GRAU 1 TON
SÉTIMO GRAU DIMINUTO ou m(b5): F#o ou F#m(b5) ½ tom
Assim temos o campo harmônico de G:
G Am Bm C D EM F#º G
Vou colocar os campos maiores, mais o interessante é você monta-los e depois só confira pra ver se estão certos.
Campos:
Campo harmônico menor: Porem, antes gostaria de lembrar a regra dos intervalos de tom e semitons na escala menor de C, Na escala menor natural podemos achar o seguinte padrão em relação à distância entre os graus: tom, ½ tom, tom, tom, ½ tom, tom, tom.
Bom, vamos montar a escala de Cm:
Entre o C e o D: 1 tom
Entre o D e o Eb: 1/2 tom
Entre o Eb e o F: 1 tom
Entre o F e o G: 1 tom
Entre o G e o Ab: 1/2 tom
Entre o Ab e o Bb: 1 tom
Entre o Bb e o C: 1 tom
Assim a escala menor de C fica:
C D Eb F G Ab Bb C
Agora vamos representá-la na tablatura:
- Código:
-
E-----------------------3-4-6-8-
B-----------------3-4-6---------
G------------1-3-5--------------
D------1-3-5--------------------
A--3-5--------------------------
E-------------------------------
Essa é uma das várias maneiras de faze-la.
A partir das informações de tons e semitons na escala menor podemos começar a estudar o campo harmônico menor.
Formação:
PRIMEIRO GRAU MENOR Cm
DO PRIMEIRO PARA O SEGUNDO GRAU 1 TON
SEGUNDO GRAU É DIMINUTO OU m(5b): Dº ou Dm(5b)
SEGUNDO PARA O TERCEIRO GRAU 1/2 TON
TERÇEIRO GRAU MAIOR: D#
TERCEIRO PARA QUARTO GRAU: 1 TON
QUARTO GRAU MENOR: Fm
QUARTO PARA QUINTO GRAU 1 TON
QUINTO GRAU MENOR: Gm
QUINTO PARA SEXTO GRAU 1/2 TON
SEXTO GRAU MAIOR: G#
SEXTO PARA SETIMO GRAU 1 TON
SÉTIMO GRAU MAIOR:B1 TON
Sendo assim o campo fica assim:
Cm Dº D# Fm Gm G# B
Ou
Cm Dm(b5) Eb Fm Gm Ab B
Exemplificando novamente com o campo de G:
PRIMEIRO GRAU MENOR Gm
DO PRIMEIRO PARA O SEGUNDO GRAU 1 TON
SEGUNDO GRAU É DIMINUTO OU m(5b): Aº ou Am(5b)
SEGUNDO PARA O TERCEIRO GRAU 1/2 TON
TERÇEIRO GRAU MAIOR: A#
TERCEIRO PARA QUARTO GRAU: 1 TON
QUARTO GRAU MENOR: Cm
QUARTO PARA QUINTO GRAU 1 TON
QUINTO GRAU MENOR: Dm
QUINTO PARA SEXTO GRAU 1/2 TON
SEXTO GRAU MAIOR: D#
SEXTO PARA SETIMO GRAU 1 TON
SÉTIMO GRAU MAIOR:F#1 TON
Sendo assim o campo fica:
Gm Aº A# Cm Dm D# F#
Ou então
Gm Aº Bb Cm Dm Eb F#
Agora vou postar os campos para facilitar, mais o interessante é que você tente montar o campo. E depois apenas confere para ver se esta correta:
Campos menores:
TONALIDADE E TOM: Filosoficamente falando, existe diferença entre tonalidade e tom. Tonalidade é um sistema de sons baseado em quatro escalas: maior natural, menor natural, menor harmônica e menor melódica. É esse sistema de sons que usamos para dar as músicas uma sensação de harmonia. Já o tom é a altura onde se realiza a tonalidade, por exemplo: tom de dó menor. Mas citei essa diferença apenas por curiosidade. Na prática, não existe essa distinção e tonalidade e tom são termos usados com o mesmo sentido.
ACORDES DIATÔNICOS: Já foi mostrado que determinados graus são menores, outros maiores, diminutos, etc. Mas por que isso acontece? Porque um grau que é menor não pode ser maior, ou alguma outra coisa? Isso acontece porque os acordes são construídos diatonicamente sobre cada um dos graus da escala. Um acorde diatônico é um acorde que, na sua formação, só possui notas pertencentes à tonalidade. Para exemplificar, usarei a escala maior natural de dó e seu respectivo campo harmônico.
Escala de dó maior:
Dó, Ré, Mi, Fá, So,l Lá, Si, Dó
Campo harmônico de dó, ou tríades construídas diatonicamente sobre os sete graus da escala de dó maior:
C, Dm, Em, F, G, Am, Bm(5b)
Agora, vamos desdobrar cada um desses acordes nas notas que fazem parte de sua formação:
C= dó mi sol
Dm= ré fá lá
Em= mi sol sí
F= fá, lá, dó
G= sol, sí, ré
Am= lá, dó, mi
Bm(5b)= sí, ré, fá.
Como podemos ver, todas as notas que fazem parte dos acordes da tonalidade de dó maior são encontradas na escala maior de dó. Por isso, se transformássemos o II grau, Dm, em D, já não seria um acorde diatônico, pois o acorde D contém em sua formação a nota fá#, que não pertence a tonalidade de dó.
TÉTRADES DIATÔNICAS FORMADAS SOBRE OS GRAUS DA ESCALA MAIOR: Da mesma forma que podemos forma tríades sobre cada um dos graus da escala, podemos também formar tétrades. A formação das tétrades diatônicas obedece à mesma regra das tríades: todas as notas de sua formação devem fazer parte da tonalidade. Nesse caso, temos:
Os graus I e IV são maiores com sétima maior. Os graus II, III e VI são menores com sétima. O V, maior com sétima, e o VII, menor com sétima e quinta diminuta (também chamado de acorde “meio diminuto”).
Sempre usando dó como exemplo, ficaria:
C7M, Dm7, Em7, F7M, G7, Am7, Bm7(b5).
TÉTRADES DIATÔNICAS FORMADAS SOBRE OS GRAUS DA ESCALA MENOR NATURAL: Os graus I, IV e V são menores com sétima. O II, menor com sétima e quinta diminuta. Os graus III e VI são maiores com sétima maior, e o VII, maior com sétima.
Ex:
Cm7, Dm7(b5), Eb7M, Fm7, Gm7, Ab7M, Bb7.
Agora, vou apresentar as outras duas escalas que compõem o sistema de sons que chamamos de tonalidade: a escala menor harmônica, e a escala melódica.
ESCALA MENOR HARMÔNICA: Obedece aos seguintes intervalos: entre os graus II e III, V e VI e VII e VIII, intervalo de semitom. Entre os graus VI e VII, intervalo de tom e meio. Entre os demais graus, intervalo de tom.
Ex:
Dó, ré, míb, fá, sol, láb, sí, dó
ESCALA MELÓDICA: Existe uma pequena diferença entre a escala melódica clássica, e a escala melódica real, mas não é necessário falar sobre isso para a compreensão desse assunto. Fica desde já entendido que, quando me refiro a escala melódica nesse texto, estou me referindo à escala melódica real.
Na escala melódica, temos intervalo de semitom entre os graus II e III e VII e VIII. Os graus restantes são separados por intervalo de tom.
Ex: dó, ré, míb, fá, sol, lá, sí, dó
Agora que vimos à formação dessas duas novas escalas que fazem parte do sistema dos Campos Harmônicos, vamos ver como construir tríades e tétrades diatônicas sobre seus respectivos graus.
TRÍADES E TÉTRADES DIATÔNICAS SOBRE OS GRAUS DA ESCALA MENOR HARMÔNICA. No caso das tríades, os graus I e IV são menores; os graus II e VII são menores com quinta diminuta*, os graus V e VI são maiores, e o III é maior com quinta aumentada.
Ex:
Cm, Dm(5), Eb(#5), Fm, G, Ab, Bm(b5)
*: normalmente, são chamados de diminutos. Mas como a tríade diminuta tem pouco uso prático, e normalmente quando se fala em “acorde diminuto” se inclui também a sétima diminuta, vou me referir nesse texto às tríades diminutas como “menores com quinta diminuta” para evitar confusão com as tétrades.
No caso das tétrades, o grau I é menor com sétima maior; o II é menor com sétima com quinta diminuta; o III é maior com sétima maior e quinta aumentada; o IV é menor com sétima, o V é maior com sétima, o sexto maior com sétima maior, e o sétimo, diminuto.
Ex:
Cm(7M), Dm7(b5), Eb7M(#5), Fm7, G7, Ab7M, Bdim.
TRÍADES E TÉTRADES DIATÔNICAS SOBRE OS GRAUS DA ESCALA MELÓDICA: Para as tríades, os graus I e II são menores; o III é maior com quinta aumentada; os graus IV e V são maiores, e os graus VI e VII, menores com quinta diminuta.
Ex:
Cm, Dm Eb(#5), F, G, Am(b5) e Bm(5b).
Para as tétrades, o grau I é menor com sétima maior; o II menor com sétima; o III maior com sétima maior e quinta aumentada, os graus IV e V são maiores com sétima, e os graus VI e VII são menores com sétima e quinta diminuta.
Ex:
Cm(7M), Dm7, Eb7M(#5), F7, G7, Am7(b5), Bm7(5b)
CONSIDERAÇÕES FINAIS: Este pequeno texto não é de forma alguma um tratado sobre o assunto, é apenas um complemento para facilitar e ampliar a compreensão de quem, assim como eu, está estudando esse assunto. Espero ter atingido o objetivo, e ter sido suficientemente claro. Sugiro que exercitem bastante, e partir dos exemplos construam as escalas citadas acima em todas as tonalidades, e depois façam o mesmo com as tríades e as tétrades.
Tudo que aqui escrevi aprendi no livro Harmonia e Improvisação vol. I, de Almir Chediak, editora Lumiar.